sábado, 31 de dezembro de 2016

Retrospectiva 2016

Se eu tivesse que definir 2016 em uma só palavra seria: SURPREENDENTE.
Ele começou muito bem. Os primeiros 3 meses foram de muita fartura e prosperidade, nós achamos que este seria o ano da nossa virada de vida e aí, no mês de abril... Phá! Foi aquela virada de maré que nos pegou de surpresa e nos deu um caldo que nos tirou o rumo.
Alguém aí já tomou um caldo na praia? Daqueles em que a onda cresce sem a gente perceber, nos pega de surpresa e aí saímos rolando sem rumo e paramos da areia com cabelo na cara e com o biquini fora do lugar? Pois é, foi desses.
De repente ficamos sem dinheiro para o aluguel, para a luz, para as compras, para pagar a escola das crianças... Chegamos a receber ajuda da igreja e dos amigos que nos davam cestas básicas.
Minhas filhas estudaram o ano inteiro sem livro e ainda assim, foram as primeiras de suas classes, o que nos rendeu muitos elogios por parte da direção e coordenação da escola delas.
Eu não tive dinheiro para tirar as xérox para estudar para as provas da faculdade. Prestei atenção nas aulas, fiz minhas anotações, gravei algumas aulas no celular e estudei ouvindo os áudios. E assim, também consegui passar com boas notas ficando entre as melhores da classe.
Meu marido fez o que podia. Pegou bicos como garçom, trabalhou como servente de pedreiro, e eu comecei a pedir aos amigos ajuda para encontrar um emprego.
Não sei como é em cidade grande, mas no interior não interessa suas aptidões. Interessa quem te indicou para o cargo. Sem o " QI", é muito difícil conseguir um trabalho.
E os dias foram passando... E os meses... e nada mudava. Eram cobranças e mais cobranças e nenhum dinheiro. Ficamos em meio a uma tsunami de dívidas.
Pois é, a crise havia nos atingido. Meu marido sem receber e tendo que viver de bicos, eu desempregada vendo aquilo tudo e me sentindo impotente. Não foram dias fáceis. Tentamos nos manter lúcidos para buscarmos soluções, mas fui dormir desejando morrer em muitos dias. Não perdi a fé, mas senti realmente as forças me faltarem para enfrentar o dia seguinte. Eu orava todos os dias agradecendo pela minha saúde e da minha família porque essa foi a única coisa que não nos faltou, mas cheguei a pedir a Deus que me levasse embora pois já não aguentava mais.
Até que no final de setembro, no meio da tarde uma mensagem pelo WhatApp começaria a mudar tudo.
Minha cunhada me oferecendo a sua vaga, no emprego em que ela trabalha há dez anos e que agora vai deixar. Seria para começar em Outubro.
E aí, no dia 03/10/16, graças a Deus a nossa sorte mudou. Comecei a trabalhar, pude renegociar as dívidas e voltar a ajudar em casa.
Aos poucos a vida está mudando. Algumas dívidas já foram quitadas, meu aluguel está em dia, meu marido já recebeu algumas parcelas do salário atrasado e tudo está voltando ao normal.
Em meio aos horrores da crise que vejo todos os dias na tv, só posso agradecer a Deus e me sentir afortunada por essa oportunidade. Num momento do país em que as pessoas só estão perdendo, eu ganhei um presentão.
Amo o meu trabalho. É uma loucura, mil coisas para fazer ao mesmo tempo, mas eu gosto disso. Gosto de dinamismo, isso me deixa ligada, bem disposta, com o raciocínio afiado, aprendo muito todos os dias.
O aprendizado que tirei deste ano que levarei para 2017 é : Prevenção e fé.
Precisamos aprender a nos prevenir, seja lá do que for. Nunca sabemos o que está por vir. Embora dinheiro não nos leve ao reino dos céus, aqui na terra ainda é ele quem resolve as coisas. Então a ordem é economizar. Juntar. Ter um pé de meia. Ter um fundo para imprevistos.
Não precisa ser muito e nem precisa virar mesquinharia. Apenas reservar uma parte do salário todo mês e jogar numa conta poupança (que eu já tenho) e deixar quieto lá. Isso paga uma consulta médica se for preciso, compra remédios, paga uma conta, o aluguel ou a luz se o salário atrasar, paga uma compra... Enfim, tira do sufoco. Está proibido torrar tudo acreditando que " mês que vem tem mais".
Nunca sabemos se tem.
E a fé nem precisa dizer porque né? Não devemos nunca usar de mercantilismo com Deus. Amar e adorar apenas quando tudo está bem não é amor verdadeiro, é troca. É negócio.
Devemos confiar em sua sabedoria e misericórdia, pedir perdão por nossos pecados diários e seguir em frente fazendo a nossa parte. Se for possível ele nos livrar da cruz ele livrará, mas se tivermos que carregá-la para nosso crescimento e salvação, teremos que carregar e isso não significa que Deus nos ame menos ou que Jesus nos tenha abandonado. O nosso amor deve ser incondicional, assim como o DELE é.
Então, 2016 vai embora me deixando muitas lições e também muito feliz com esse desfecho surpreendente após meses de tanto desespero e desesperança.
E que venha 2017!!!